domingo, 2 de agosto de 2009

LEVANTAMENTO PRELIMINAR DOS CRUSTÁCEOS BRACHYURA E POSSÍVEIS FATORES ANTRÓPICOS NO ESTUÁRIO DO RIO JAGUARIBE, ITAMARACÁ-PE.


1Leão Filho – P. F.; 2Alves – M. S.; 3Sônia – Silva, G


1 UFRPE. – Universidade Federal Rural de Pernambuco -- E-mail: piragibeleao@hotmail.com
2 UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco – E-mail m.souto@db.ufrpe.br
3 UNICAP- Universidade Católica de Pernambuco - E-mail: goretti@unicap.br


Palavras chaves: Manguezal, Pesca, Impacto ambiental.


Introdução

Segundo BRYON (1994), o manguezal consiste em um ecossistema integrado pelo mangue (vegetação típica), pelo lavado (zona na frente do mangue), e pelo apicum ou salgado (área atrás do mangue).
De acordo com DIEGUES (1987), as comunidades humanas vivem em verdadeira simbiose com o manguezal. Direta ou indiretamente boa parte das comunidades litorâneas, utiliza essas áreas como fontes de recursos naturais economicamente viáveis. A economia dos municípios costeiros da região estuarina de Pernambuco, por exemplo, baseia-se na exploração dos recursos naturais advindos dessas áreas marinhas (CPRH, 1991).
No estado de Pernambuco os manguezais estendem-se desde a fronteira com a Paraíba, no estuário dos rios Goiana e Megaó (Município de Goiana), até as proximidades da divisa com Alagoas, no estuário do rio Una (Município de Barreiros) (FIDEM, 1986/1987). Neste contexto ecossistêmico encontra-se o estuário de Itamaracá de relevância significativa para Pernambuco, cujo rio Jaguaribe, um dos seus afluentes, representa local de recursos pesqueiros importante na região. Entretanto o crescimento desordenado da região, particularmente aquelas situadas próximas ao estuário do rio Jaguaribe é extremamente preocupante no contexto ambiental. O quadro atual permite identificar a intensa penetração da comunidade local na área costeira, resultando em intensas ações antrópicas sobre a biota aquática, principalmente os crustáceos. Sendo assim a pesquisa em questão objetiva registrar os crustáceos existentes no estuário do rio Jaguaribe, com vistas ao reconhecimento dos principais recursos naturais de subsistência da região


Material e Métodos

O trabalho foi realizado na foz do estuário do rio Jaguaribe (09 km de extensão) em Itamaracá-PE 7°34'S e 7°55'S °48'W e 34°52'WA no litoral nordestino brasileiro a 35 km ao norte da cidade do Recife – PE, onde mensalmente foram realizadas amostragens diurnas no período entre maio de 2007 a agosto de 2007, obedecendo ao período sazonal (seco e chuvoso). Em laboratório os espécimes coletados foram selecionados, fixados em formol a 4%, acondicionados em frascos de vidro devidamente etiquetados e posteriormente realizados as análises taxonômicas, segundo a literatura de Melo, 1996. Paralelamente procurou-se registrar possíveis ações antrópicas através de observações in loco e através de questionário e entrevistas com os pescadores locais.



Resultados e Discussão


Sinopse dos taxa.
Família Portunidae Rafinesque, 1815.

Callinectes danae Smith, 1869.
Distribuição estuarina: Ocorrente nas áreas hipersalinas do estuário de Jaguaribe.
Distribuição geográfica: No Brasil, distribui-se da Paraíba ao Rio Grande do Sul. Comuns aos manguezais e estuários lamosos, como também em praias arenosas e mar aberto (Melo, 1996).

Callinectes exasperatus (Gerstaecker, 1856).
Distribuição estuarina: Em águas salobras, perto de boca do rio e do manguezal.
Distribuição geográfica: No Brasil, do Maranhão ate Santa Catarina (Melo 1996).

Família Grapsidae Macleay, 1838.

Goniopsis cruentata Latreille, 1803.
Distribuição estuarina: no manguezal, sobre as raízes ou troncos das arvores.
Distribuição geográfica: no Brasil, do Pará até Santa Catarina (Melo, 1996).

Família Grapsidae

Aratus pisonni (H. Milne Edwards, 1837).
Distribuição estuarina: no estuário, sobre rochas ou em pilares de embarcadouros.
Distribuição geográfica: no Brasil, do Piauí até São Paulo (Melo, 1996).

Família Ocypododae Rafinesque, 1815.

Uca maracoani (Latreille, 1802-1803).
Distribuição estuarina: Ocorre sempre ao nível de maré vazante máxima, nos substratos lodosos, perto de árvores do mangue.
Distribuição geográfica: no Brasil, do Maranhão até o Paraná (Melo, 1996),

Ucides cordatus (Linnaeus, 1763).
Distribuição estuarina: entre as raízes das arvores do mangue. Constrói galerias largas, sempre retas e relativamente rasas. Às vezes, ocupam galerias de outras espécies, como as dos gêneros: Cardisoma, Uca e Goniopsis.
Distribuição geográfica: no Brasil, do Pará ate Santa Catarina (Melo,1996).
Quanto aos fatores impactantes, existem intensas atividades pesqueiras predatórias no estuário do rio Jaguaribe, visto que boa parte destes recursos são capturados ainda em processos juvenis. Segundo Beltrão (1997) a pesca é a atividade exploratória mais praticada em áreas estuarinas, uma vez que o produto da pesca é a principal fonte de renda das comunidades de pescadores. Além da pesca predatória, outros fatores como o desmatamento, o lixo, muros de arrimo e piers, vêm contribuindo em mudanças estruturais na região estuarina do rio Jaguaribe.


Conclusão


Nesta pesquisa, conclui-se que o estuário do rio Jaguaribe possui um manguezal bem produtivo, mas vem sendo degradado pela comunidade local. Por isso torna-se necessária a implantação de um programa de educação ambiental e a geração de uma nova fonte de renda, já que a pesca predatória tem grande relevância no local.


Referencias

BELTRÃO, A. DE L. et al. Diagnóstico Ambiental de Olinda. Recife: CPRH, 1997. 160p.

BRYON, M.E.Q. Desenvolvimento Urbano x Meio Ambiente. 1994. 194f. Dissertação de Mestrado, Centro de Artes e Comunicação, Universidade Federal de Pernambuco, Recife,1994.

CPRH – COMPANHIA PERNAMBUCANA DE CONTROLE DA POLUIÇÃO AMBIENTAL E DE ADMINISTRAÇÃO DOS RECURSOS HIDRICOS. Alternativas de uso e proteção dos manguezais do Nordeste. Séries Publicações Técnicas, Recife, n. 3, p. 38 – 45, 1991.

DIEGUES, A. C. Conservação e desenvolvimento sustentado do ecossistema litorâneos no Brasil. IN: SIMPÓSIO SOBRE ECOSSSTEMAS DA COSTA SUL E SUDESTE BRASLEIRO, n. III, 1987, São Paulo. São Paulo: ACIESP, 1987. p. 196 – 213.

FIDEM – FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE. Região metropolitana do Recife: plano de desenvolvimento integrado de Itamaracá. Recife, 1986, 317 p.

FIDEM – FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE. Região metropolitana do Recife: plano de desenvolvimento integrado de Itamaracá. Recife.1987, 22p

MELO, G. A . S. Manual de identificação dos brachyura (caranguejos e siris) do litoral brasileiro. N. ed. I, São Paulo: Plêiade. 1996. 603 p.



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